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No último sábado, 19 de agosto de 2023, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) realizou, como em todos os anos, o evento denominado Unicamp de Portas Abertas (UPA). Nessa ocasião, as unidades de ensino, de pesquisa, de extensão e de administração da Universidade apresentaram, a milhares de estudantes e outros membros externos, as atividades realizadas em seus ambientes.

Uma dessas atividades consistiu na exposição de trabalhos do Grupo de Estudos de Filosofia Indígena, realizada no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH). Durante as discussões, uma pessoa de fora da comunidade da Unicamp presente na sala começou a desferir falas racistas, direcionadas aos povos indígenas. A pessoa afirmou, entre outras coisas, que indígenas “são vagabundos”, que fumam “um cachimbão de maconha”, sendo, portanto, são “maconheiros”, e que “índio deveria se adequar à sociedade” e parar de falar “línguas que ninguém entende”.

As falas se enquadram claramente no crime de racismo (ofensas proferidas contra um grupo de pessoas de uma mesma raça/de um mesmo grupo étnico) e evidenciam também a ignorância e má-fé da pessoa em questão. Havia pessoas indígenas presentes na sala, mas elas não foram as únicas atingidas diretamente. As ofensas atingem os demais estudantes indígenas da Unicamp e outras pessoas indígenas do país, além de toda a comunidade da Unicamp e todos os que se preocupam com construir uma sociedade livre de atitudes racistas como essa. Ao ser questionada sobre suas falas, a pessoa disse que apenas havia exercido seu “direito de expressão”. O direito individual de expressar opiniões divergentes não deve, no entanto, jamais justificar uma ofensa contra a dignidade humana.

A Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH), por meio de sua Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas (Caiapi), vem, assim, manifestar seu completo repúdio ao ocorrido e informar que está apoiando a tomada de providências legais para que haja a punição exemplar do responsável e para que sejam realizadas todas as demais medidas cabíveis frente ao crime cometido.

Por fim, queremos reiterar que acreditamos na importância da presença, em nossa Universidade, de pessoas pertencentes a povos tradicionais, com seus saberes, justamente no sentido de
ampliar as possibilidades de abertura da sociedade brasileira a todas as formas de conhecimento.

Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH)
Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos
Povos Indígenas (Caiapi)

Confira a carta em PDF.

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