Nota de repúdio da CAIAPI à Ação covarde e cruel dos envolvidos no ataque ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, acontecido no último dia 21 de janeiro de 2024.


A Comissão Assessora para a Inclusão Acadêmica e Participação dos Povos Indígenas (CAIAPI), vinculada à Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) repudia a ação covarde e cruel dos envolvidos no ataque ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, acontecido no último dia 21 de janeiro de 2024.

A Terra Indígena Caramuru-Catarina Paraguaçu, situada no município de Potiraguá, Bahia, é um território ancestral Pataxó Hã-Hã-Hãe em processo de legítima retomada. No incidente crime citado  em questão, integrantes do movimento autodenominado “Invasão Zero”, com a assistência de policiais militares presentes, que haviam se comprometido a oferecer proteção e não o fizeram, atacaram de forma virulenta os indígenas, culminando na morte da pajé Nega Pataxó (Maria Fátima Muniz de Andrade), que foi baleada e não resistiu aos ferimentos. O Cacique Nailton Muniz Pataxó, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais, também foi baleado, além de diversos outros indígenas que foram violentamente espancados. Esse assassinato se junta aos muitos que têm sido registrados no contínuo processo de expropriação de terras e dos territórios indígenas ancestrais.

As universidades, em particular, e as instituições públicas em geral, não podem se calar diante de tamanho afrontamento à legislação brasileira e à dignidade humana. É urgente que o processo de extermínio e perseguição aos povos indígenas seja devidamente enfrentado pelo Estado brasileiro, o qual assumiu a responsabilidade de garantir a segurança e a dignidade a todos e todas que habitam o atual território denominado Brasil.

A CAIAPI e a DeDH  manifestam seu apoio ao povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, aos demais povos indígenas do sul da Bahia e de outras regiões do Brasil, que continuam a enfrentar invasões  de seus territórios e a persistir na resistência. Nosso apoio, admiração e respeito. Que a apuração, o julgamento e a responsabilização sejam feitos de maneira célere, pois só com justiça poderemos seguir rumo a um país que preserva a cidadania e civilidade. 

Edital DeDH nº 04/2023 – IV Prêmio de Reconhecimento em Direitos Humanos Unicamp – Instituto Vladimir Herzog


O Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos (PRADH) Unicamp – Instituto Vladimir Herzog reconhece pesquisas comprometidas com a vida digna, em nível de graduação, mestrado e doutorado, em todas as áreas do conhecimento e realizadas em instituições públicas de ensino e pesquisa com sede no Estado de São Paulo. A premiação incentiva a criação e a difusão de conhecimentos que contribuam para a proteção e a promoção da dignidade da vida e de todas as formas de existência.

Acesse os documentos abaixo:

Edital DeDH n. 04/2023

Adendo nº 01 ao Edital DeDH n. 04/2023 – Alteração do Cronograma

Link de inscrição

Adendo nº 02 ao Edital DeDH n. 04/2023 – Alteração do Cronograma

DIÁRIO OFICIAL – RESULTADO DA ANÁLISE E INSCRIÇÕES DEFERIDAS

Análise de Recursos referente à Habilitação das Inscrições IV PRADH

ADunicamp – Semana da Consciência Negra 2023


Nos dias 22 e 23 de novembro de 2023, a ADunicamp, em parceria com a Comissão de Relações Etnico-raciais da Faculdade de Educação  (FE/Unicamp), realizará atividades culturais referentes a Semana da Consciência Negra de 2023. Os eventos serão no Auditório e na Praça (lado externo do restaurante) da entidade, com entrada gratuita.

 

 

No dia 22 de novembro (quarta-feira)a partir das 19h30, o Auditório da ADunicamp será palco para o espetáculo “Tava Durumindo”, de Adilson Nascimento, docente da FE/Unicamp. A performance traz pensamentos-sensações-testemunhos-forças do professor e possibilita um encontro com dores e encantamentos da sua ancestralidade por meio dos sonhos.

Dia 23 de novembro (quinta-feira), a partir das 19 horas, Renata Oliveira realizará a performance de dança “Ser Giros”. O que está perpetuado no barrado das saias que nos leva para nossa ancestralidade? Com essa provocação e a partir de seu estudo artístico sobre o resgate do corpo ancestral por meio do girar das saias, Reanta Oliveira evidencia, em suas palavras, o “ser nos caminhos que construímos, nas relações que tecemos. Perceber-se nos pés fincados na terra e refazer-se nos giros das saias. Meu corpo se faz presente a cada batida de pé, a cada giro dado; expandindo saberes e sonhos”.

Na sequência, a partir das 19h30, Sinhá Rosaria e João Arruda apresentam o show “Eu sou Sinhá”. Acompanhada de João Arruda, violeiro, percussionista diretor musical e arranjador do CD “Eu sou Sinhá”, o espetáculo terá cantos, ritmos e danças que Sinhá Rosária preserva e divulga como samba-de-bumbo campineiro, samba-de-lenço rural paulista, jongo, coco, maracatu, samba de roda, bumba-meu-boi, baião, lundu, entre outros. Ela canta as músicas que compôs, que aprendeu e que ensina.

Os gestos e palavras de Sinhá Rosária trazem a humildade rara daqueles que muito sabem. Seu canto convida a serenar, a ouvir o chamado das boas madrugadas, a vestir camisa de folha e calça de cipó, a sambar no terreiro, a pegar na enxada e abrir as portas de qualquer tipo de cativeiro com a força da alegria e da amizade.

 

Unicamp Afro 2022 África e Diáspora


A multiplicidade do Unicamp Afro 2022

Neste ano de 2022, é com grande satisfação que vemos boa parte da universidade mobilizada para o Novembro Negro, ou Unicamp Afro, ou o mês da Consciência Negra e a reverência a Zumbi dos Palmares. São múltiplas as iniciativas e os eventos previstos para o mês de novembro, desde feiras culturais a reflexões teóricas, com mesas, conversas, oficinas seminários, exposições, manifestações artísticas. Participam órgãos como o GGBS, o Sindicatos dos Trabalhadores da Unicamp, Coletivos Negros, enfim, a comunidadade acadêmica como um todo. Uma grande variedade de programação e esforços para celebrar e refletir sobre questões da negritude.

A Diretoria Executiva de Direitos Humanos, em associação com a ADUNICAMP, também se mobilizou para oferecer à comunidade uma programação que intentou trazer a arte e o pensamento filosófico para reflexões sobre o mundo que vivemos. Seria possível um mundo de relações diferentes? Essa não seria uma tarefa das universidades, pensar e tentar o diferente?

Tudo começou em abril de 2022, quando em conversa com meu colega e amigo antropólogo Omar Ribeiro Tomaz do IFCH, contei a ele sobre minha intenção de buscar nas manifestações artísticas a reflexão sobre novas possibilidades de relações. Há algum tempo, ele desejava fazer uma mostra de filmes do cineasta Raoul Peck na universidade, por ele ser haitiano e o professor Omar um especialista na história e cultura haitianas. Concordei na hora e ele foi atrás dos contatos.

Uma curiosidade: conheci o professor Omar no Haiti. Estávamos lá no início de 2010, logo após o terremoto. Eu convocada pelo Ministério da Saúde brasileiro pela experiência anterior no país e o professor Omar da mesma forma, por sua experiência no sistema de ensino haitiano. Ele e seus colegas fizeram à época o mais detalhado inventário sobre a destruição das escolas, especialmente as de ensino superior do Haiti e, a partir de então, trouxe muitos estudantes para finalizarem seus estudos no Brasil e fugir da terra arrasada que se tornou a região do Porto Príncipe. Anos depois, aqui estamos a aproveitar a oportunidade do trabalho conjunto.

A outra ideia que julgamos adequada e colocamos em curso foi a de trazer o professor Achille Mbembe, historiador e filósofo camaronês, pela oportunidade de ter os dois pensadores ao mesmo tempo na universidade e partilharem conosco discussões que fariam a partir da obra de Raoul Peck. Ainda, porque nosso país, carente de reconstrução que está, especialmente nas áreas da cultura, saúde, humanidades e colocar o valor das vidas, todas elas, no centro desse projeto, é uma discussão necessária. Nos pareceu uma oportunidade a não ser desperdiçada.

Assim, nos juntamos às outras iniciativas para celebrarmos as vidas negras, lembrar e lembrar e lembrar que as vidas negras importam e contar com a presença da nossa comunidade e as externas que se interessam pelo tema e aproveitar amplamente a variedade que pode se apresentar.

Em parceria com a Adunicamp, as atividades vão ocorrer a partir do dia 19/11, e além dos convidados internacionais teremos: visita guiada que irá passar por oito lugares de identidade da memória e resistência negras localizados no centro de Campinas; exposição de patuás de palavras do artista Fausto Antônio; lançamento do livro “Mulheres Negras Sim”, de Sandra Cassimiro; a encenação do monólogo “Arthur Bispo do Rosário, O Rei”, com o ator Roberto Boni; a mesa “O Futuro do Brasil: diálogos transdiciplinares”; a roda de conversa, com o tema “a sociedade inteira precisa se mobilizar diante do racismo e do preconceito!”, com Thais Cremasco. Para encerrar a semana, será apresentado o show com a Banda dos Homens de Cor e a abertura da exposição fotográfica do professor Fernando Tacca (IA/Unicamp).

Apresento um pouco estes visitantes, que vêm patrocinados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo da XV Região e a Adunicamp.

O professor Achille Mbembe, nascido em Camarões e atualmente baseado em Joanesburgo, África do Sul, é um dos principais pensadores do nosso tempo, especialmente da teoria política. Historiador, com doutorado na Université Paris 1 Panthéon-Sorbonne, França. Leciona na Universidade de Columbia, em Nova Iorque – EUA, é pesquisador de outros importantes centros acadêmicos pelo mundo. Dono de vasta obra sobre filosofia e política contemporânea. Um dos livros de grande sucesso no Brasil e muito utilizado na formação nas universidades brasileiras é o “Crítica à Razão Negra”. Um pensador sensível que dialoga profundamente com a tragédia social, econômica e humana que os povos precarizados pelo modelo econômico em curso no mundo globalizado impõe. Outras produções mais recentes que dialogam com essa violência são os livros traduzidos para o português, Necropolítica e Brutalismo. Especialmente no contexto da pandemia de Covid-19 ficou mais clara a política que aflorou em países que negligenciaram o combate à doença, negando evidências científicas, causando dúvidas e confusão na população e que não foram eficazes na disponibilização da vacina. O resultado dessa política da incompetência dirigida especialmente aos mais pobres foi a alta mortalidade, como no Brasil que tem a taxa relativa de mortes mais alta do mundo. Ter a oportunidade de estar com o professor Achille em diálogo franco e entre colegas de diferentes universidades brasileiras nos ajuda na formulação de novas estratégias para recuperação do tecido social brasileiro, tão esgarçado nos últimos anos. Dessa forma, poderemos também discutir com ele como recuperar o valor das vidas preciosas que orbitam a periferia do sistema para que sejam merecedoras da atenção das políticas públicas cidadãs.

Teremos ainda a mostra de filmes do consagrado diretor haitiano Raoul Peck, um dos nomes fundamentais do cinema contemporâneo, no documentário e na ficção, bem como na realização de séries televisivas. Peck lida criativa e criticamente com temas afro-diaspóricos, o que o torna um realizador com estilo contundente, nas relações entre arte e política. A política através da arte. Ele mesmo um refugiado, fugiu com sua família de seu país nos anos sangrentos da ditadura dos Duvalier para o Congo, na África. Depois foi com a família para a França e migrou para a Alemanha, onde estudou cinema. Hoje é presidente da prestigiosa escola de cinema francesa, Fémis.

Seus filmes nos apresentam este engajamento, como os sobre a vida de Patrice Lumumba (Lumumba, a morte do profeta, 1992; e Lubumba, 2000), e os longas-metragens a serem exibidos Fatal Assistance (Assistance Mortelle, 2013), Eu Não Sou Seu Negro (2017), Jovem Marx (2017), além da série televisiva Exterminate All The Brutes (2021). Certamente que há outros títulos instigantes desse cineasta necessário e contundente.

Um dos pontos altos e interessantes da visita desses dois pensadores é o diálogo proposto, a partir das obras de Raoul Peck, à luz do pensamento de Achille Mbembe. Uma oportunidade para a reflexão na universidade sobre os tempos que estamos vivendo.

Com o avanço da política de cotas étnico raciais na universidade é nítida a mudança que se inicia na composição da comunidade, hoje bem mais representativa do que ocorre na sociedade da região, do estado e do país. Esse avanço certamente é importante, desejado, mas ainda longe de representar um pensamento geral, um desejo coletivo. A universidade avançou muito nas políticas de permanência, porém, hoje a compreendemos como recursos necessários à permanência física na universidade, mas há necessidade de se avançar na permanência emocional, cultural, comunitária e política desses estudantes. Muito ainda há que se avançar para que os estudantes negros e indígenas sejam compreendidos na sua riqueza e não apenas em suas necessidades materiais e carências. Que outras alternativas de mundo precisamos colocar em marcha? Especialmente aquelas em que as pessoas sejam cidadãos de direitos, direito aos bens materiais necessários, mas também à felicidade, à proteção e respeito da comunidade.

Por ora, vamos aproveitar os eventos preciosos do Unicamp Afro 2022 e essas visitas tão significativas, que nos ajudem a seguir adiante garantindo uma universidade melhor, uma vida melhor a todos e todas.

Armandinho e os Direitos Humanos


Promulgada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos é uma conquista de todos. Resulta da longa jornada de ideias nascidas no século XVIII que influenciaram muitos movimentos políticos e sociais. A Declaração é, primeiramente, um manifesto contra a violência e em favor da felicidade humana cujos princípios segundo ela são: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Por isso, lemos em seu artigo primeiro:

“Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.

Portanto, a primeira coisa que a Declaração estabelece como inegável é o fato de que somos todos membros de uma mesma, única e indissolúvel comunidade.

Armandinho - Artigo 1

Mais recentemente, os conceitos de meio ambiente e de biodiversidade nos mostraram que essa comunidade é bem mais vasta. E para garantir sua existência é preciso que lutemos por uma harmonia bem mais ampla…

Armandinho - meio ambiente e de biodiversidade

Armandinho - meio ambiente e de biodiversidadeA segunda afirmação fundamental da Declaração Universal dos Direitos Humanos é a de que, na comunidade humana, somos todos iguais. Essa igualdade é reconhecida pela lei que deve tratar a todos da mesma forma, como estabelece o artigo segundo da Declaração: “sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. Portanto a diferença é um direito e deve ser protegida do preconceito. Assim, a rica diversidade de nossa condição é um dado de nossa natureza comum.

Armandinho - somos todos iguais

Armandinho - somos todos iguais

Mas em que consiste a felicidade? Em primeiro lugar, no direito de definir o que efetivamente tem valor. E para isso, é preciso estar ligado! Desse ponto de vista, os direitos que asseguram o seu direito à felicidade são fundamentalmente: o direito de questionar os valores, o direito à educação e o direito à informação (verdadeira e de qualidade). Esses direitos permitem a você fazer questionamentos pertinentes, aprofundados e consequentes sobre sua própria condição. Mas como você já deve ter percebido, esses direitos te comprometem com deveres…

O direito de questionar valores!

Armandinho - direito de questionar valores

Armandinho - direito de questionar valores

Armandinho - direito de questionar valores

O direito à educação!

Armandinho - Educação

Armandinho - Educação

Armandinho - Educação

Armandinho - Educação

O direito à informação!

Armandinho - Direito à Informação

Armandinho - Direito à Informação

Todo mundo sabe mais ou menos o que liberdade e igualdade são. De fato, podemos dizer que desde o século XVIII a liberdade e a igualdade têm avançado – embora em um ritmo lento e até mesmo com alguns retrocessos! No entanto, você já notou que a fraternidade, o terceiro dos ideais de que estamos tratando aqui, quase nunca é lembrada?  Porque isso acontece? Veja que a fraternidade é o fundamento da Declaração Universal dos Direitos Humanos, porque é ela que faz com que nos sintamos realmente parte de uma mesma, única e indissolúvel comunidade constituída sobre uma vasta diversidade de experiências e culturas. Somente juntos, respeitando os direitos, necessidades e dignidade de todos, seremos realmente iguais, livres e felizes.

Vamos juntos pensar na fraternidade, em tudo que ela implica, e fazê-la avançar! Armandinho sabe, como poucos, o que é fraternidade! Veja que não é complicado: basta ter uma grande cabeça e um grande coração!

Comece a praticar a fraternidade: lembre-se sempre dela, pense e aja com respeito e coloque em questão os preconceitos!

Armandinho - Opinião

Boa sorte para todas as comunidades do planetinha azul!

Armandinho - Planetinha Azul

A Unicamp agradece ao cartunista Alexandre Beck por ter, com perfeito espírito de “fraternidade, liberdade e igualdade”, permitido a visita do Armandinho!