Quinze pesquisadores receberam o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos


Público presente na cerimônia de premiação da terceira edição do PRADH

Público presente na cerimônia de premiação da terceira edição do PRADH

Em cerimônia realizada nesta segunda-feira (22), 15 pesquisadores receberam o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico Unicamp e Instituto Vladimir Herzog (Pradh). O Pradh também homenageou, com prêmios honorários, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, a pesquisadora Adriana Dias (in memorian), o indigenista Bruno Pereira (in memorian) e o jornalista britânico Dom Phillips (in memorian). Essa foi a terceira edição do Pradh, que tem como objetivo reconhecer pesquisas comprometidas com os direitos humanos.

“[O prêmio] vem anualmente renovar um compromisso, do conhecimento comprometido com o respeito à vida em todas as suas dimensões, e assume seu papel transformador por perseguir das mais variadas formas a consolidação da vida digna para todos os seres existentes. É isso que as 15 pesquisas premiadas hoje nos mostram”, afirmou a coordenadora do Observatório de Direitos Humanos da Unicamp, professora Josianne Cerasoli.

Presidente da Comissão Avaliadora do Pradh, a professora Angela Lucas destacou a dedicação dos membros da comissão na análise dos 132 trabalhos inscritos e a diversidade de temas abordados nas pesquisas. “Foram mais de 40 avaliadores das cinco áreas do conhecimento, que fizeram esse trabalho com muito comprometimento e muita atenção. É uma alegria ver que vários assuntos e temas que são caros para a área de direitos humanos estão sendo pesquisados de maneira muito madura, comprometida e atenciosa. Isso vai gerar muitos frutos para o nosso futuro.” Da Comissão Avaliadora, também esteve presente o advogado Flávio de Leão Bastos Pereira, representando a Ordem dos Advogados do Brasil – São Paulo (OAB-SP).

A presença da comitiva de 12 membros do Instituto Vladimir Herzog possibilitou também uma reunião, após a premiação, com representantes da DeDH. O objetivo foi debater novas parcerias.

Estatueta recebida pelos premiados da terceira edição do PRADH
Troféu oferecido aos premiados da terceira edição do PRADH

Honrando o legado de Vladimir Herzog

A diretora da Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DeDH), Silvia Santiago, ressaltou o legado de Vladimir Herzog na luta pela emancipação da sociedade e na constituição de cidadãos de direito. “Anos depois estamos aqui para lembrar dessa missão, especialmente de uma instituição pública de ensino, pesquisa e extensão como a Unicamp, que se associa ao Instituto Vladimir Herzog para apoiar e celebrar o esforço que professores, estudantes e pesquisadores fazem para cumprir esse destino e contribuir para uma sociedade melhor.”

O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e o diretor-executivo do Instituto Vladimir Herzog, Rogério Sotilli, também destacaram a luta pela democracia e a valorização do legado de Herzog por meio do prêmio.

“Para quem viveu a década de 1970, a luta contra a ditadura e contra o regime militar, são momentos como este que nos lembram do significado disso na nossa história, do significado do Vladimir Herzog e do instituto em manter viva essa memória. É um orgulho também para uma Universidade que se caracterizou pela luta democrática poder compartilhar um prêmio que mantém viva essa história”, disse Meirelles, que também ressaltou a valorização do conhecimento desenvolvido em todas as áreas do conhecimento e em todos os níveis de formação das universidades, da graduação ao doutorado.

“Nosso sonho por uma sociedade fundada nos valores dos direitos humanos que tem como base a solidariedade, a promoção e a defesa da democracia é o sonho e é o legado de Vladimir Herzog. Então, para nós, realizar esse prêmio, não é só uma alegria, mas um compromisso de defender o legado do Vlado, que deu sua vida na defesa da democracia e dos direitos humanos”, afirmou Sotilli.

Ele ainda comentou o fato de o Pradh estar sendo realizado pela primeira vez de forma presencial. “Nós fazemos esta cerimônia no mesmo mês em que a Organização Mundial da Saúde declarou o fim do estado de emergência da pandemia do coronavírus. É o fim de um período trágico e de um momento em que a ciência e os direitos humanos foram imprescindíveis, como nunca, e ao mesmo tempo tão atacados, também como nunca.”

Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do IVH e filho do jornalista: foco na educação
Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do IVH e filho do jornalista: foco na educação

Pesquisas abordam problemas estruturais do Brasil

Foram contempladas 15 pesquisas de cinco áreas do conhecimento: Ciências Exatas, Engenharia e Tecnologia; Ciências Biológicas e da Saúde; Ciências Humanas, Sociais e Econômicas; Artes, Comunicação e Linguagem; e Educação. Os temas abordados envolvem assuntos como violência de gênero e racial, sustentabilidade e inclusão.

“[Essas temáticas] são questões estruturais do Brasil, da sua história de séculos, como a questão de raça, da escravidão e dos indígenas. E o Brasil nunca trabalhou para se redimir e repactuar a sociedade. Ter pesquisadores colocando um olhar colabora para o fortalecimento de uma sociedade mais democrática e mais inclusiva”, observa Ivo Herzog, diretor do Conselho Deliberativo do Instituto Vladimir Herzog e filho do jornalista.

Ele conta que a área da educação é considerada a área mais estratégica do Instituto. “Ter uma universidade como a Unicamp como parceira é o sonho que se tornou realidade. Os trabalhos criam canais para que possamos trazer esse conhecimento para aplicar na sociedade”, avalia.

A graduanda em Artes Cênicas, Rafaela Gomes, durante apresentação de slam, ao final da cerimônia de premiação

Homenagens

Os homenageados foram a pesquisadora Adriana Dias, Bruno Pereira e Dom Phillips e o ministro Silvio Almeida.

Viúvo de Dias, Marcelo Higa recebeu o prêmio concedido à esposa. “O tema dos direitos humanos sempre lhe foi caro, mesmo antes de pesquisar os grupos de ódio”, lembrou.

Beatriz Matos, viúva de Bruno, enviou um vídeo agradecendo a homenagem, assim como Alessandra Sampaio, viúva de Dom. “Mando este vídeo para agradecer o prêmio e o reconhecimento pela luta do Bruno e do Dom”, disse Matos.

“Fiquei muito feliz com esse prêmio dado ao Dom e ao Bruno. Achei sensacional, ainda mais vindo de uma universidade pública onde há o protagonismo indígena também”, afirmou Sampaio, para quem a homenagem afirma a presença ainda do legado de ambos.

Silvio Almeida enviou um vídeo em que explica o funcionamento do racismo estrutural no Brasil.

A cerimônia de premiação foi finalizada com a apresentação de slam da graduanda em Artes Cênicas Rafaela Gomes.

Jornal da Unicamp publica reportagens sobre pesquisas premiadas

A fim de divulgar as pesquisas contempladas no III Pradh, o Jornal da Unicamp está produzindo reportagens sobre os trabalhos publicadas em suas edições, cuja periodicidade é quinzenal. Já foram publicadas matérias sobre duas pesquisas: “Fatores de risco para feminicídios na cidade de Campinas: revisão de literatura, estudo caso-controle espacial e análise qualitativa”, de Monica Caicedo Roa (Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp) e “Tecendo vozes e B.O.s: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online”, de Camila Rebecca Busnardo (Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp).

Confira a lista com todos os contemplados:

Prêmios Honorários

Marcelo Seiko Higa recebeu o prêmio de sua esposa Adriana Dias; homenagem póstuma, por suas importantes pesquisas e incansável luta contra o extremismo e pela defesa da inclusão e diversidade
Marcelo Seiko Higa recebeu o prêmio de sua esposa Adriana Dias; homenagem póstuma, por suas importantes pesquisas e incansável luta contra o extremismo e pela defesa da inclusão e diversidade

Adriana Abreu Magalhães Dias formou-se em Ciências Sociais na Unicamp e realizou o mestrado e o doutorado em Antropologia também na Unicamp. Obteve reconhecimento no país por sua pesquisa em relação ao neonazismo. Dias descobriu a existência de pelo menos 334 células nazistas no Brasil, organizadas em ambiente virtual. Também encontrou uma carta do ex-presidente Jair Bolsonaro endereçada aos grupos nazistas e na qual ele afirma: “Vocês são a razão da existência do meu mandato”. A antropóloga era portadora de osteogênese imperfeita, uma doença genética rara, e foi ativista pelos direitos de pessoas com deficiência e doenças raras. Fundou o Instituto Baresi, fórum nacional congregando pessoas com doenças raras, deficiências e outros grupos de minoritários. Dias faleceu em janeiro de 2023. Ao longo de sua trajetória, também coordenou o Comitê Deficiência e Acessibilidade da Associação Brasileira de Antropologia e integrou a American Anthropological Association e a Frente Nacional de Mulheres com Deficiência. Além disso, foi membro da Associação Vida e Justiça de Apoio às Vítimas da Covid-19, participou de audiências da Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara de Campinas que investigava crimes nazifascistas e participou da equipe de transição do terceiro governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em 2022.

Bruno da Cunha Araújo Pereira e Dominic Mark Phillips, assassinados no Vale do Javari em 2022, em homenagem póstuma. Bruno, pela sua luta a favor dos indígenas isolados e da preservação do meio ambiente. Dom Philips, jornalista inglês, pela sua liderança em investigações sobre desmatamento no Brasil.

A viúva do indigenista Bruno Pereira, Beatriz Mattos, durante agradecimento pelo prêmio
A viúva do indigenista Bruno Pereira, Beatriz Mattos, durante agradecimento pelo prêmio

Bruno da Cunha Araújo Pereira era indigenista e atuava junto a povos indígenas na Amazônia, na região do Vale do Javari. Fez carreira na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (antiga Fundação Nacional do Índio, Funai) e era especialista em povos isolados. Na Funai, tornou-se em 2018 o coordenador geral da área de Índios Isolados e de Recém-Contatados. No ano seguinte, no entanto, após coordenar uma megaoperação de combate ao garimpo, foi exonerado pelo governo Bolsonaro e passou a trabalhar junto à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja). Junto à organização, atuou na guarda do território indígena. O indigenista foi assassinado em junho de 2022, junto como Dom Phillips.

A viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, enviou vídeo de agradecimento pelo prêmio oferecido ao jornalista
A viúva de Dom Phillips, Alessandra Sampaio, enviou vídeo de agradecimento pelo prêmio oferecido ao jornalista

Dominic Mark Phillips, conhecido como Dom Phillips, foi jornalista e trabalhou para jornais como The Washington PostThe New York Times e Financial Times. Morou em Israel, na Grécia e na Dinamarca e mudou-se para o Brasil em 2007. Na ocasião do assassinato, trabalhava em um livro sobre o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Em sua carreira, também contribuiu para uma investigação do The Guardian sobre as fazendas de gado e o desmatamento no Brasil. Em Salvador, última cidade de residência do jornalista, Dom também lecionava aulas de inglês em um cursinho popular. No início da carreira jornalística, cobriu temas relacionados à música. No Brasil, ele reportou os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e para as Olimpíadas de 2016. Depois disso, passou a cobrir essencialmente questões ligadas à crise ambiental e seus impactos nas populações originárias e tradicionais.

Silvio Almeida, homenageado por sua pesquisa, que identifica as bases do racismo estrutural, lançando luzes para políticas públicas antirracistas, e pelo resgate de importantes figuras históricas negras, como Luís Gama
Silvio Almeida, homenageado por sua pesquisa, que identifica as bases do racismo estrutural, lançando luzes para políticas públicas antirracistas, e pelo resgate de importantes figuras históricas negras, como Luís Gama

Silvio Luiz de Almeida, atual Ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo Lula, é advogado, filósofo e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie e da Fundação Getúlio Vargas. Formou-se em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e em Filosofia pela Universidade de São Paulo (USP). Fez o mestrado em Direito Político e Econômico na Universidade Presbiteriana Mackenzie e doutorou-se em Filosofia e Teoria Geral do Direito pela USP. Foi professor visitante da Universidade de Duke (2020) e de Columbia (2022). Uma de suas obras de maior destaque é o livro Racismo Estrutural, em que aborda a constituição do racismo na estrutura social. Preside o Instituto Luís Gama, organização que desenvolve ações de combate ao preconceito e de defesa dos direitos dos negros e das minorias. Também atuou na Frente Pró-Cotas e foi um dos responsáveis pela formulação das políticas de ação afirmativa do Estado de São Paulo.

Ciências Exatas, Engenharia e Tecnologia

Pesquisa de graduação: “Investigação de ações em sustentabilidade em universidades públicas federais nos eixos água, energia e resíduos”, de Iara Ivana Pereira, Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia (Campus São Carlos) da Universidade Federal de São Carlos

Pesquisa de mestrado: “Aprendizado auto-supervisionado para reconhecimento de cenas em imagens de abuso sexual infantil”, de Pedro Henrique Vaz Valois, Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Foodômica para agricultura sustentável: diferenciação do perfil de voláteis de hortelã e feijão carioca cultivados pelos sistemas agrícolas convencional, orgânico e permacultura, usando hs-spme/gc-ms e quimiometria”, de Luan Felipe Campos Oliveira, Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas

Ciências Biológicas e da Saúde

Pesquisa de graduação: “Construção e validação de cartilha em libras sobre saúde sexual e reprodutiva para mulheres surdas”, de Juliana Maria Teobaldo Martins, Faculdade de Medicina de Botucatu da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Gestação e covid-19: a cor da pele importa? Uma análise do estudo rebraco”, de Amanda Dantas Silva, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Fatores de risco para feminicídios na cidade de Campinas: revisão de literatura, estudo caso-controle espacial e análise qualitativa”, de Monica Caicedo Roa, Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas

Ciências Humanas, Sociais e Econômicas

Pesquisa de graduação: “Lugar de mulher: experiência e projeto da casa Laudelina de Campos Melo”, Helena Sá Barretto Prado Garcia, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

Pesquisa de mestrado: “Produção do espaço urbano e equipamentos comunitários públicos de educação, saúde e assistência social: um estudo da dinâmica urbana de Limeira/SP”, de Noan Sallati, Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Quem sangra na fábrica de cadáveres? As chacinas em São Paulo e RMSP e a chacina da torcida organizada Pavilhão Nove”, de Camila de Lima Vedovello, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas

Artes, Comunicação e Linguagem

Pesquisa de graduação: “Folha de S. Paulo e os 50 anos do golpe militar: a memória jornalística de mulheres militantes”, de Caroline Cavalleiro Campos, Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design (Campus de Bauru) da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Tecendo vozes e B.O.s: a ressemiotização da violência semiótica contra a mulher em redes sociais online”, de Camila Rebecca Busnardo, Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Nomear o humano: a migração como acontecimento discursivo”, de Giulia Mendes Gambassi, Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas

Educação

Pesquisa de graduação: “Ensino inclusivo do tema modelos atômicos por meio de história em quadrinhos em Braille e materiais manipuláveis” de João Pedro Ponciano, Faculdade de Ciências (Campus Bauru) da Universidade Estadual Paulista

Pesquisa de mestrado: “Ensino de história e cultura afro-brasileira: de pauta do movimento negro à lei 10.639”, de Adriano Bueno da Silva, Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas

Pesquisa de doutorado: “Sonhos de adolescentes em desvantagem social: vida, escola e educação matemática”, de Daniela Alves Soares, Instituto de Geociências e Ciências Exatas (Campus de Rio Claro) da Universidade Estadual Paulista

 

Autoria: Liana Coll

Fotos: Antonio Scarpinetti

Edição de Imagem: Paulo Cavalheri

Reportagem retirada do portal Unicamp. Acesso em 23/05/2023, 16h15. Disponível em : <https://www.unicamp.br/unicamp/noticias/2023/05/23/quinze-pesquisadores-receberam-o-premio-de-reconhecimento-academico-em-direitos>

Convite à Comunidade para a cerimônia de premiação do III PRADH


É com grande satisfação que convidamos toda a comunidade acadêmica para a cerimônia de premiação do III Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp – Instituto Vladimir Herzog. Além das 15 pesquisas premiadas em todas as áreas do conhecimento, também receberão homenagens pela contribuição aos Direitos Humanos: Silvio Almeida, Bruno Pereira e Dominik Phillips (in memorian), Adriana Dias (in memorial).

 

Data e hora: 22 de maio, segunda-feira, 10h00

Local: Anfiteatro da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp

 

Comissão organizadora do III PRADH

Lançamento e debate: “Enití Lànà – Aquele que abre o caminho” websérie sobre Rafael Pinto


Convite para o lançamento e debate da websérie “Enití Lànà – Aquele que abre caminho” sobre um dos fundadores do MNU – Movimento Negro Unificado, Rafael Pinto.

O evento aborda as relações entre candomblé e movimento negro por meio da trajetória de Rafael Pinto, pejigan e uma das mais importantes lideranças das lutas antirracistas no Brasil, tendo sido um dos fundadores do MNU (Movimento Negro Unificado) em 1978. Sua vida é tema dos quatro episódios da websérie “Enití Lànà – Aquele que abre caminho”, dirigida por Felipe Brito, que se encontram disponíveis no canal da Ocupação Cultural Jeholu do youtube.

Com a presença de Rafael Pinto e do diretor e roteirista Felipe Brito.

Dia 24/05 às 17h30
No Auditório Raízes, localizado na Diretoria Executiva de Direitos Humanos – Ciclo Básico 1 da Unicamp

Divulgação de Resultado – EDITAL DEDH n° 02/2022 PRADH


A Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp e o Instituto Vladimir Herzog tornam público o RESULTADO do III Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos
Unicamp-Instituto Vladimir Herzog, instituído através da Deliberação CONSU-A-061/2020, de 24/11/2020.

Edital de Resultado III PRADH – 2022.docx (1)

Seminário e Debate: Política Econômica para Garantia de Direitos Humanos: O que é? Como construir?


O Instituto de Economia da Unicamp convida, por meio do Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (Cecon), para o seminário “Política Econômica para garantia de direitos humanos: O que é? Como Construir?”.

 

No dia 26/04. Às 14h.

Auditório Jorge Tápia – Instituto de Economia (IE) Unicamp.

 

Pedro Rossi | IE – Unicamp

Marianna Leite | Act Aliance

Nathalie Beghin e Livi Gerbase | Inesc

Carlos David Carneiro Bichara |Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Felipe Iraldo de Oliveira Biasoli | Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania

Silvia Maria Santiago | DeDH – Unicamp

Representante do Ministério da Fazenda

Bolsistas BAS! Conheçam as bolsas disponíveis na Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental – DeDH


Estudantes de graduação da Unicamp que tiveram concessão do Bolsa Auxílio Social (BAS) pelo SAE podem se candidatar para ingressar no Projeto CA Mudança Ecológica e Justiça Ambiental – CAMEJA/DEDH-UNICAMP: graduandos/as nas ações da CAMEJA.

A CAMEJA é a comissão assessora da Diretoria Executiva de Direitos Humanos que é referência para pesquisas, atividades de ensino, extensão e gestão relativas a
mudanças institucionais transformativas tendo em vista a defesa dos direitos humanos no enfrentamento das mudanças ambientais globais. A CAMEJA estimula e convida a universidade a repensar seu compromisso com o presente, seja na gestão de todos os seus processos, seja na formação humana e produção de conhecimentos em todas as
áreas, no tocante às mudanças ecológicas e à justiça ambiental vinculados aos compromissos dos direitos humanos. Bolsistas selecionados devem somar esforços junto aos membros da comissão para apoiar a sua missão. As atividades envolvem o levantamento de dados socioambientais, a participação das reuniões regulares da CAMEJA, a organização das demandas, a transcrição de materiais e a preparação de arquivos para a realização das atividades voltadas para os eixos estruturantes da comissão.

✉ O Projeto é de responsabilidade da Profa. Sonia Regina da Cal Seixas, presidente da CAMEJA. Interessados podem enviar e-mail para comunica@dedh.unicamp.br até 31/03.

A Diretoria Executiva de Direitos Humanos apresenta: África Semente com Graciela Soares


A Diretoria Executiva de Direitos Humanos apresenta: África Semente, de Graciela Soares, como uma forma de dar boas-vindas a sociedade da Unicamp e celebrar a vida comunitária!

O show é composto por canções autorais da cantora paulistana Graciela Soares, mescladas com canções de artistas referência em sua trajetória. Dança, textos, arranjos vocais e percussão corporal são elementos utilizados na narrativa do show, que tem como disparador as vivências da cantora enquanto artista, mãe e mulher
preta criada na periferia.

Sobre a artista:
Mãe, professora de voz, educadora musical, cantora e compositora. Formada em canto popular pela EMESP e bacharel em canto popular pela UNICAMP. Como artista, carrega em sua performance elementos do canto, atuação e dança, participou de diversos espetáculos musicais como Logun Edé – Uma pequena Yorubópera; Estilhaço com o grupo Afrikanizar; ECOA, das bailarinas Cristina Santos e Tabata Yara; e ainda do Imale Inu Yagbá, da bailarina Adnã Alves, para o qual também compôs a trilha sonora.

Data: 20/04
Horário: 17h30
Local: Teatro de Arena – Ciclo Básico – Unicamp

O que é sustentabilidade? Construindo sociedades sustentáveis


Contamos com a sua participação no segundo evento da Trilha de Sustentabilidade, que acontecerá no dia 29/03, próxima quarta-feira, no Auditório da Educorp.

A Trilha, lançada com a participação de Ailton Krenak há alguns dias, está trazendo neste ano diferentes atores e perspectivas sobre os seguintes temas: o que é Sustentabilidade, emergência climática, consumo sustentável, educação ambiental, resíduos, soberania alimentar, segurança energética e mobilidade sustentável.

Nosso próximo encontro será uma Roda de Conversa que abordará a sustentabilidade a partir de diferentes perspectivas. Nossos convidados serão:

  • Carmen Silva, Co-fundadora do Movimento dos Sem-Teto do Centro-MSTC, urbanista, mãe e professora,

  • Luiz Katu, Cacique Potiguara da Aldeia Catu-Goianinha/Canguaretama, Coordenador da Articulação dos Povos Indígenas do RN (APIRN) e professor indígena e

  • Rafaela Santos, Quilombola e Advogada da EAACONE (Equipe de Articulação e Assessoria das Comunidades Negras do Vale do Ribeira/SP

A roda de conversa contará com a mediação dos professores Andreas Gombert (FEA/Unicamp) e Sandro Tonso (FT/Unicamp).

A Trilha de Sustentabilidade é uma parceria da Escola de Educação Corporativa da Unicamp – EDUCORP, da Diretoria Executiva de Direitos Humanos – DeDH, por meio da Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental – CAMEJA, e da Diretoria Executiva de Planejamento Integrado – DEPI. Durante este ano de 2023, promoverá ações na universidade para divulgar, disseminar e engajar toda a comunidade e a sociedade nas diferentes frentes em que a Unicamp tem atuado no campo da Sustentabilidade.

Dia 29/03 – 09h30 Roda de Conversa | O que é sustentabilidade? Construindo sociedades sustentáveis
Convidados Especiais – Carmen Silva, Luiz Katu e Rafaela Santos
Auditório da Educorp

Participe ao vivo também pelo canal da Educorp no Youtube.

Lançamento da Trilha de Sustentabilidade, com Ailton Krenak


O futuro ancestral por Ailton Krenak

10, mar – 2023 | Por: Portal Unicamp

Edição de imagem: Paulo Cavalheri

 

No lançamento do programa “Trilha da Sustentabilidade”, líder indígena foi aplaudido de pé por diversas vezesNo lançamento do programa “Trilha da Sustentabilidade”, líder indígena foi aplaudido de pé por diversas vezes

O sensível vínculo estabelecido entre Ailton Krenak e a plateia que lotou o auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp na manhã desta sexta-feira (10/03) transformou o lançamento do programa “Trilha da Sustentabilidade” em um evento marcado pela ancestralidade. Krenak fez a palestra inaugural do projeto que é uma parceria entre a Escola de Educação Corporativa (Educorp), a Comissão Assessora de Mudança Ecológica e Justiça Ambiental (Cameja) e a Diretoria Executiva de Planejamento Integrado (Depi) da Unicamp.

Aplaudido de pé diversas vezes, o líder indígena falou durante mais de uma hora, logo após a apresentação das autoridades presentes, entre elas o reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti. Sem poupar críticas à estrutura da sociedade capitalista e ao poder destruidor das grandes empresas, Krenak reforçou sua mensagem de alerta sobre a direção errada que o mundo está tomando, apontando que uma das saídas está na possibilidade de “estabelecer um sensível vínculo com a memória dos nossos povos”, processo que ele chama de “futuro ancestral”, nome do seu mais recente livro.

O apelo da ancestralidade imprimiu emoção à fala de todos. A professora Josianne Cerasoli, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, falou de sua emoção ao entregar a Krenak o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp – Instituto Vladimir Herzog. Em função do formato remoto da premiação do ano passado, somente nesta ocasião o troféu foi entregue a Krenak, e isso pelo reconhecimento da destacada atuação dele em favor da dignidade da vida. “Encontramos sinais e frutos de suas iniciativas em numerosos lugares, seja denunciando as várias violências sobre o corpo indígena, seja compartilhando sua aguda crítica aos valores da sociedade capitalista”, disse Josianne.

Krenak recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp-Instituto Vladimir Herzog, das mãos da professora Jossiane Cerasoli, pela sua destacada atuação dele em favor da dignidade da vidaKrenak recebeu o Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos Unicamp-Instituto Vladimir Herzog, das mãos da professora Jossiane Cerasoli, pela sua destacada atuação dele em favor da dignidade da vida

Expectativa

Às 9h, uma hora antes do início previsto para o evento, a busca por lugares no auditório já era grande. A indígena Cleidiane Barreto, do Povo Tucano de São Gabriel da Cachoeira, aluna de Pedagogia na Unicamp, disse que, para os indígenas, Krenak é uma referência intelectual. “Ele fala sobre sustentabilidade, é defensor do meio ambiente, é um exemplo pra nós, que queremos ser como ele.”

Andrea Cunha também aguardava a fala de Krenak com muita expectativa. Mestra em Artes Corporais pela Unicamp, ela pesquisou a ancestralidade indígena e, quando soube que ele daria uma palestra, fez questão de estar presente. “Acompanho-o há muito tempo. Eu não quis perder.” O estudante de Geografia Dimitrie Hristov Júnior disse que o professor liberou a turma para que participassem do evento. “Vi um documentário com ele. Muito bom.” Para surpresa da plateia e fora da programação oficial, uma apresentação informal de música e dança feita por estudantes indígenas da Unicamp abriu o evento.

Antes da palestra de Krenak, os integrantes da mesa falaram sobre o lançamento do “Trilha da Sustentabilidade”, programa que consiste em palestras, vivências e oficinas previstas para ocorrerem este ano e que tratarão de temas como sustentabilidade, emergência climática, consumo sustentável, educação ambiental, resíduos, soberania alimentar, segurança energética e mobilidade sustentável. Também emocionada, a professora Sônia Regina da Cal Seixas, presidente da Cameja, falou sobre a importante parceria entre a Educorp, a Diretoria Executiva de Direitos Humanos (DEDH) e a Depi no “Trilha da Sustentabilidade” e destacou o papel da universidade pública quanto a sua contribuição para a sociedade como um todo.

A diretora executiva da DEDH, Silvia Maria Santiago, disse estar emocionada de ver o auditório lotado para o evento de lançamento e para a palestra do líder indígena. “Estamos aqui reunidos e vacinados, de mãos dadas com a ciência.” Thalita dos Santos Dalbelo falou em nome do diretor executivo da Depi, Douglas Galvão. O diretor da Educorp, Edison Lins, também falou da alegria de ver o auditório lotado e de como estava otimista em ver o grande interesse no lançamento do projeto.

O reitor destacou o importante significado do evento e da presença de Ailton Krenak para a Unicamp. “Temos história de luta pelos direitos humanos. Um dos nossos desafios é que nós temos condições de mudar o mundo”, disse o reitor. Para Maria Luiza Moretti, Ailton Krenak é um exemplo.

Para Ailton Krenak, "do ponto de vista ambiental, o planeta virou o século 21 com risco de falência múltipla"
Para Ailton Krenak, “do ponto de vista ambiental, o planeta virou o século 21 com risco de falência múltipla”

Provocação

O líder indígena – que é também ambientalista, poeta, jornalista e filósofo – fez questão de começar sua fala esclarecendo que não havia sido convidado para “fazer propaganda do programa que se inaugura”. Seu objetivo como palestrante era fazer provocações. “É por isso que nós estamos aqui, dialogando. Nós estamos opondo ideias e pontos de vista. Eu vim provocar vocês a olhar por dentro desse organismo e ver se ele tem alguma coisa lá dentro que a gente poderia pensar como restaurador desse tecido machucado que é a nossa confiança na ciência, na democracia, no exercício da vida.”

Krenak disse que seus amigos mais próximos o chamam de radical, mas que ele contesta. “Nós estamos falando de sustentabilidade em um mundo que está pelas beiradas. Então sustentabilidade nesses termos aqui seria um difícil equilíbrio entre o razoável e o possível. Do ponto de vista ambiental, o planeta virou o século 21 com risco de falência múltipla.”

Para Krenak, quem manda nos países em todo o mundo hoje são os grandes executivos e milionários. “A gente pensava que elegia os governos. Mas quem elege são as corporações”, afirma. “O poder corporativo é incompatível com a democracia. Portanto, o modo de governar o mundo é antidemocrático.” E completa: “Nossos ancestrais já falaram que a terra é nossa mãe. Como conversar com quem quer predar a nossa mãe?”.

Krenak celebra o momento que se vive hoje no Brasil, um momento de “visibilidade flagrante dos povos indígenas”, algo promovido com destaque pelo atual governo. “A gente tem que ficar de pé diante da vida. A vida gosta de desafiar a gente, como diz Guimarães Rosa. A gente tem que falar com ela: Então vem. Pra vida!”

A solenidade foi encerrada com a apresentação de dança e música do coletivo indígena que realizou, de 8 a 10 de março, o Primeiro Encontro das Acadêmicas Indígenas. Na ocasião, esse grupo também reivindicou a ampliação das cotas para indígenas na Universidade.

Dança e música indígena marcou o início e o encerramento do evento
Dança e música indígena marcou o início e o encerramento do evento

Homenagem a Lucas Suárez de Oliveira Tozo (1986-2023)


O Observatório de Direitos Humanos e a Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp vêm a público homenagear, com profundo pesar, um de seus primeiros parceiros, Lucas Suárez de Oliveira Tozo (1986-2023). Pesquisador talentoso e sensível, comprometido com as pautas comuns que aproximam diferenças e abrem caminho para a dignidade da vida, em toda parte, Lucas emprestou seu conhecimento e seu entusiasmo em relação ao Observatório desde os seus inícios, fortalecendo vínculos, multiplicando ideias e compartilhando reflexões e ações em numerosas situações. Mestre e doutor em Ciência Política pela Unicamp, aprofundou reflexões sobre o pluralismo em autores como John Rawls e Isaiah Berlin, aproximando princípios do campo do Direito e da Política para iluminar o lugar estratégico dos direitos humanos no aperfeiçoamento das sociedades. Não são poucas as indagações, as ideias inspiradoras e elaborações cuidadas que nos lega nesse tempo. No livro “Os direitos humanos à prova do tempo: reflexões breves sobre o presente e o futuro da humanidade”, de 2021, registra uma visão ao mesmo tempo promissora, responsável e inquiridora ao avaliar o alcance dos direitos humanos sete décadas depois da assinatura de sua Declaração Universal:

“[A Declaração] entrega o que promete ao consolidar pela primeira vez de forma universal, a todos os indivíduos, sem nenhum voto contrário entre os Estados-membros, um catálogo dos direitos que emergiram a partir da modernidade, fornecendo então ‘o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações’ que aspirem à civilização e não à barbárie. A métrica está aí, e por causa dela conseguimos saber para onde o poder político e sua expressão no direito devem trilhar, e o quão longe, nestes 70 anos da Declaração, estamos desse norte em cada parte do globo.”

Profundamente entristecido neste momento, o Observatório de Direitos Humanos e a Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp compartilham esta pequena homenagem e se solidarizam com familiares e amigos.